sábado, 26 de janeiro de 2008

Maquinando por e-mail



Olá para todos!

Baseado nas reflexões propostas por Carlos e Serra eu e a Ana pensamos n'algo que reputo ser interessante, senão, fundamental dentro desse processo, pelo menos na minha avaliação do momento. Começo com algumas indagações e sigo com uma história.

Lembram-se do Sidharta? Como seríamos capazes de envolver uma cara como ele e tantos outros nas comunidades que visitaremos?
O Serra tocando J. Quest na varanda, antes do terno? Qual o significado disso para o menino que pediu?
Que contribuição estaremos levando ao, com nossas máquinas captarmos nossas impressões, usarmos nosso olhar para traduzir o que está acontecendo? lembro que tinha quase tanta gente filmando quanto gente "se manifestando". Que referências buscar na hora de promover o questionamento do valor cultural dessas manifestações nos locais onde acontecem? Esse valor é nosso ou deles, melhor, que diferença há entre esses valores?

A história: Um arquiteto estava envolvido em um projeto de construção de cisternas em uma favela. Teve a idéia de montar uma oficina de construção de pias, com a mulherada local com o material excedente. Como bom oficineiro ouviu a comunidade. Perguntou que tipo de pia eleas gostariam que fosse contruída na sua cozinha. Bem, sairam os modelos de pia que elas viam na TV, na revista Caras, as pias onde elas trabalhavam nas casas de suas patroas, pias cheias de azulejo e requintes e mármores e brilhos. Ninguém pode falar nada desse cara, ele "ouviu" os anseios daquela gente. Mas ele foi além: começou a perguntar pelas lembranças dessas mulheres, as pias onde lavavam as mão quando crianças, as pias das casas de suas mães, avós, etc. Como eram, de que eram feitas, qual olugar dessas pias em suas memórias afetivas. O passo seguinte foi perguntar novamente que tipo pia queriam...

Desculpem se encho linguiça mas acho importante esse papo todo pra dizer que talvez nosso maior diferencial seja o de envolver e dar a essas pessoas/comunidades a ferramenta para que elas possam transformar esse movimento. Oficinas de comunicação/história, oficinas de manuseio das câmeras e por fim, o registro feito pelo olhar dessas comunidades. Buscar a pia da infância para que o Sidharta enxergue ou materialize o que o terninho tem a ver com sua vida. Não que ele tenha de cantar como o pai ou o irmão mais velho, mas que dentro desse processo todo ele se enxergue e àqueles que o rodeiam.

As questões técnicas envolvidas são muitas, mas factíveis dentro das idéias colocadas até o momento em nossas conversas: as ferramentas que estiverem ao alcance, a máquina de fotografar, a câmera do celular, a rede de ensino público, a secretaria de educação, a rede de pontos de cultura, a rede que pode envolver essas comunidades não só no fazer em questão mas na dimensão da transformação que esse fazer propõe. Nosso papel seria o de gerenciar essa captação, a distribuição, a projeção e o debate sobre isso tudo. Relatores e facilitadores do relato dos participantes.

Viajo mais um pouco por conta própria, a Beibe não concorda muito mas penso que somos todos músicos/artístas, até mesmo poderíamos incluir esse nosso olhar, também nos transformaremos, que tipo de música/arte poderíamos propor depois dessa experiência?

Bem, isso foi para contribuir para o debate e tb uma proposta concreta de objetivo, justificativa e método, que precisam ser masi "pragmatizadas" no papel.
As imagens captadas e produzidas por nós: o nosso olhar na produção do documentário. O olhar estrangeiro. A comunidade passiva no processo de criação do documentário.
As imagens captadas, organizadas pela comunidade envolvida nas manifestações culturais: uma auto-afirmação profunda. Um questionamento realizado pela própria comunidade a respeito da sua situação cultural.
As manifestações tradicionais são realizadas geralmente pelos mais velhos da comunidade. O trabalho de criação de documentário sobre essas manifestações dos "velhos" realizado pelos "novos". Os novos, jovens, os que são responsáveis pela continuidade da cultura, pela sua manutenção, pelo seu MOVIMENTO, pela sua conservação enquanto cultura que se modifica, moderniza-se
O trabalho com mídias e tecnologia atuais para o registro de manifestações "da terra", "dos antigos". A proposta de se fazer um trabalho utilizando tecnologias atuais em relação aos anseios dos mais jovens.
Câmeras fotográficas, filmadoras, já fazem parte do momento das manifestações. Mas para onde vão essas mídias? Quem as assiste? E quem as captura? A proposta é o trabalho em cima desse PROCESSO DE PRODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO. Num primeiro momento a comunidade participa das manifestações realizando a captação das imagens das festas. Também faz um trabalho de pesquisa ao realizar entrevistas, registros do meio-ambiente da comunidade. Um segundo momento seria o processo de produção dos registros, na transformação das imagens num documentário, é um outro momento, importante. Uma terceira etapa é a da volta do conteúdo produzido à comunidade. Seria o momento de "manifestação" das pessoas que criaram o documentário, a sua arte! Organizar projeções em espaço da cidade, e nesse momento também se trás para a divulgação os vídeos feitos por outras comunidades do projeto. Um momento de troca, manifestação, debates...

Acho que é importante questionar qual o nosso papel? Como, em todas as etapas, trabalhando com a questão da autonomia e expressão da comunidade envolvida, vamos nos envolver? Qual seria o método de trabalho? Fazer oficias e talvez deixar lá, disponibilizar o equipamento, mas sempre mantando um monitoramento, dialogo, assessoramento e questionamento também com a comunidade. Nosso papel é acompanhar, perguntar "de onde vem a pia" e "é essa pia mesmo que se quer?". Nosso papel tambem é promover a divulgação e distribuição, e durante o processo de formação do filme. Pode-se ter um blog, alimentado pela comunidade com as noticias das produções, onde se tem a possibilidade do diálogo entre os grupos de trabalho das diferentes comunidades.
Objetivo:
O objetivo é promover a explanação, expressão, questionamento por parte da comunidade envolvida em certas manifestações populares, a partir do processo de criação de documentário sobre a sua própria manifestação popular.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Oficinas de gente


A segunda foi com outro grupo de mulheres, um pouco mais velhas. Foi boa também. Rolou outro problema com a comunidade, agora tem um cara morando dentro da Associação, diz que foi o pai dele, uma das lideranças, que pediu pra ele tomar conta. Mulheres e pedras logo cedo. Problema deles. Ou não? Quando fomos buscar as cadeiras rolou um clima bacana, quem tinha participado da primeira nos cumprimentava e pedia mais, disseram que pensaram nos assuntos e conversaram a semana toda. Hum, não tem porque me agradar assim, deve ser verdade. Ouvi falar de outros projetos para aquela região. Vou dar uma procurada. A gente faz uma dinâmica de construção de uma rede. com novelos de lã. Vamos tentar construir outra, de vontades e trabalho.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

1° oficina

Finalmente rolou a primeira oficina na Santa Terezinha!! Demorou mas a impressão que nos ficou é de que valeu a pena a espera e a preparação. Foi muito gratificante a fala da assistente social, Gabriela, que nos cedeu seu tempo de trabalho com o grupo de mulheres da vila. Quer mais. Bem, isso para mim diz muito.

Ficamos ansiosos pelo começo, uma boa dinâmica de apresentação proposta pelo Gastón e estávamos todos mais soltos para o início da conversa, coisas sobre gênero, o que é ser homem e ser mulher, como são vistas as diferenças, o que é cultural e o que é biológico. Foi bem aceita a atividade, rolou discussão e como ninguém tem a chave da verdade muitas coisas ficaram em aberto.

Também bacana foi que o trabalho tinha a previsão de uma hora e já tinha ultrapassado em 30 min esse tempo e nada das mulheres se tocarem disso. Aumenta nossa responsabilidade em por em prática sempre atividades que acrescentem, instiguem, façam revisar valores, até os nossos, porque não, se ali vamos para aprender também?!!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Breve histórico

A experiência com oficinas de sexualidade começou junto com o pessoal da Moradia e Cidadania. No ano de 2003 foi montado um comitê de várias Ongs, Prefeitura de porto Alegre mais o Fome Zero para tratar dessa questão com o enfoque na educação. Nessa época eu trabalhava na Ong Brasil sem Grades que me permitiu avançar nessa questão da transformação pela educação. Partimos para algumas experiências de oficinas em comunidades onde a incidência de gravidez indesejada era grande. No começo trabalhávamos juntos uma enfermeira do SERPLAN, mais uma educadora da SMED, o pessoal da Caixa e eu, fazendo às vezes de facilitador, arrumando as salas, servindo a água, etc. Mas como invariavelmente a presença feminina era preponderante, achamos que ia ser bom se na hora de falar do uso da camisinha isso fosse feito por um homem. Comecei a falar do assunto e sempre fui bem recebido e muito incentivado pelos colegas. Esse foi o começo.

Depois, a cada ano, mudávamos um pouco a equipe, o enfoque, aprendíamos mais sobre como abordar esse assunto até que houve a oportunidade de trabalhar com um pessoal do posto de Saúde do Hospital Moinhos de Vento no Morro da Cruz, um projeto tocado pelos estagiários que trabalhavam com as turmas de adolescentes da Escola Municipal do local. Mais aprendizado e o achado de uma vocação. Pode parecer exagero da minha parte, mas me senti muito identificado com os meninos e meninas, aquele sentimento de que havia achado uma forma de revolucionar o pensamento. Foram dois anos direto, mais uma participação no projeto Escola Aberta da Prefeitura de POA.

Mas é dureza ser voluntário no Brasil, aliás, esse tipo de trabalho exige cada vez mais uma reflexão em nosso país. Passei um tempo longe do Comitê e me desliguei do projeto no Morro. Mas não perdi nem o interesse nem o contato com as pessoas. Daí é que surgiu a chance de trabalhar na antiga Vila dos Papeleiros, agora Sta. Terezinha. O trabalho vai ser tocado por mim e Gastón, facilitador de Bio Danza, meio bruxo uruguaio e baita ser humano e a Renata Gusmão, que fez parte do Comitê no seu começo. Estão colados na postagem alguns dos nossos projetos aprovados:

Projetos

OFICINANDO O ADOLESCER: Escola Também é Lugar para se Falar de Sexo

Este projeto é proposto pelo Comitê Geração Consciente e, visa trabalhar com a temática sexualidade e adolescência, a fim de dar continuidade e expandir o trabalho, iniciado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Morro da Cruz, zona leste de Porto Alegre e em outras escolas municipais através do projeto escola aberta (parceria SMED/UNESCO). Esta proposta objetiva a criação de um espaço para debater e refletir sobre sexualidade e gênero na adolescência, através de oficinas em escolas públicas de Porto Alegre, utilizando um discurso auto-reflexivo e não prescritivo. Desta forma, efetivar um espaço de comunicação e reflexão sobre direitos sexuais e reprodutivos, estimulando a responsabilidade e autonomia do adolescente com a sexualidade, contribuindo para redução de gestações indesejadas na adolescência e prevenção de DST, HIV/AIDS.

INTRODUÇÃO
Este projeto visa trabalhar com a temática sexualidade e adolescência, através de oficinas nas escolas que abordem diversos temas associados à sexualidade e gênero, a fim de dar continuidade e expandir um trabalho iniciado em outubro/2004, com adolescentes, alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Morro da Cruz, por voluntários do Comitê Geração Consciente em pareceria com profissionais da Unidade Básica de Saúde responsável pela área de abrangência da escola.
O Comitê visa a promoção de ações de educação, através da realização de encontros e oficinas, elaboração de material informativo e esclarecimentos sobre o acesso aos métodos contraceptivos. Desde de outubro de 2004, este comitê tem realizado oficinas sobre planejamento familiar nos núcleos Fome Zero em Porto Alegre. Como reconhecimento desta atividade, o comitê foi convidado para estruturar esta ação no município de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre. A formação do comitê partiu de uma iniciativa da ONG Moradia e Cidadania, formada pelos funcionários da Caixa Econômica Federal e, atualmente, também integraram-se a ONG Brasil Sem Grades, a ONG RINACI - Rede de Integração e Cidadania, ONG Divina Graça, a Secretaria Municipal de Educação (SMED), o Serviço de Orientação e Planejamento Familiar (SERPLAN) e a Big Bear Publicidade e voluntários de diversas profissões.
Além de dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado, que até o momento já contemplou aproximadamente 160 adolescentes, este projeto objetiva expandir as oficinas para outras escolas da rede pública.


1. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA


De acordo com Brasil (2005), no ano de 2003 foram registrados no país 32.247 casos novos de aids com uma taxa de 18,2 casos por 100.000 habitantes. Ao contrário da tendência de estabilização dos casos observada para os homens, conforme o mesmo autor, entre as mulheres ainda há um aumento da incidência dessa doença, observando-se a taxa de 14 casos por 100.000 mulheres em 2003. Em Porto Alegre, os índices de infecção têm mostrado que as mulheres e os adolescentes vêm sendo as maiores vítimas (PORTO ALEGRE, 2002).
Segundo um estudo realizado por Bueno (2000) com gestantes adolescentes da periferia de São Paulo, foi observado que 83% destas adolescentes não planejaram a gravidez. Quanto à idade de iniciação sexual 61% tiveram sua primeira relação sexual entre 14 e 15 anos e 39% entre 11 a 13 anos. A maioria das adolescentes (67%) que participaram do estudo referiu que em nenhum momento de sua vida seus pais conversaram com elas sobre sexo e gravidez, e 75% que as conversas na escola sobre esse assunto pouco informavam.
O estudo de Bueno também verificou que quanto aos métodos contraceptivos apenas 39% das entrevistadas sabiam o que eram, 44% delas não faziam uso de nenhum método, 33% utilizavam algum, 17% usavam apenas no início e 6% às vezes. Foi observado também que a maioria dos parceiros (72%) destas adolescentes eram tão jovens quanto elas, tinham entre 16 a 21 anos. Das entrevistadas apenas 44% falaram alguma vez sobre sexo e gravidez com seus parceiros.
Os dados de Porto Alegre conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre (PORTO ALEGRE, 2005), as gestações na adolescência em 2004 contribuíram para 18,4% dos nascidos vivos e o número de curetagens pós-aborto nessa população foi de 564, correspondendo a 17,48% do total desses procedimentos na capital.

2. OBJETIVO GERAL


Contribuir para a criação de um espaço de reflexão e discussão do tema sexualidade e adolescência, estimulando a autonomia e responsabilidade dos jovens, a fim de favorecer a redução de gestações indesejadas na adolescência e prevenção de DST, HIV/AIDS.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Utilizar a escola como um espaço de reflexão e de discussão, no qual os adolescentes se situem pessoalmente, expressando suas dificuldades, resistências, dúvidas, anseios e opiniões, favorecendo a construção de um saber compartilhado.
- Realizar um debate sobre gênero, mitos referente ao masculino/feminino, as transformações fisiológicas da adolescência e outros assuntos relacionados à sexualidade.
- Refletir sobre DSTs, HIV/AIDS e de gravidez na adolescência. Além de problematizar os motivos envolvidos na ausência/ presença de prevenção.
- Falar sobre os métodos contraceptivos, informando os oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Unidade de Saúde que é referência à escola.
- Estimular a criação de ações específicas para adolescentes na rede de saúde.
- Expandir a reflexão para além dos adolescentes proporcionando encontros com os educadores e pais para abordar os desafios encontrados na prática em sala de aula e em casa sobre a sexualidade.
- Buscar a intersetorialidade dos serviços, programas e ações de prevenção e que reforcem iniciativas das comunidades.
- Avaliar e construir as condições para a formação de jovens multiplicadores como forma de ampliar o projeto

3. METODOLOGIA


O projeto contará com equipe de três oficineiros, de áreas distintas e, visa contemplar quatro escolas da rede pública, localizadas em região de vulnerabilidade social, prioritariamente, no ano de 2006.

O primeiro mês será para visitação das escolas e realizar as combinações necessárias, com a direção e educadores das escolas, visitar as Unidades de Saúde, para a iniciação das atividades no período letivo.

As oficinas com os adolescentes ocorrerão no turno de aula, conforme a combinação com as escolas, serão quatro encontros com duração de aproximadamente uma hora/encontro.

Os assuntos serão abordados em forma de oficinas, sem rigidez de metodologia, nas quais os membros da equipe terão papel de facilitadores nas discussões em grupo, estimulando o debate e as iniciativas e sugestões vindas deles próprios. Através de uma abordagem interativa (violão, música de fundo, dinâmicas de grupo, jogos) e linguagem criativa, será proporcionado espaços de discussões, em que a voz dos adolescentes seja, de fato, ouvidas.

Dentro desta perspectiva as oficinas abordarão os seguintes temas:

1. Atividade de interação com o grupo através da música, com um violonista que será um facilitador para a apresentação e vinculação entre equipe e adolescentes.
2. Breve explicação do objetivo do trabalho, questionamento quanto às expectativas e interesse dos participantes em realizar as atividades.
3. A questão de gênero, mitos, diferenças, papéis sociais, desigualdade, a fim de identificar tabus e preconceitos. Para identificar a particularidade de cada turma e planejar a forma de trabalhar.
4. Transformação do corpo, anatomia do corpo, menstruação, ejaculação, masturbação, virgindade, tamanho do pênis e sua relação com o prazer, hímem, etc.
5. Métodos contraceptivos e uso adequado, trabalhando a colocação da camisinha.
6. Abordar DST, HIV/AIDS, gravidez na adolescência (maternidade/paternidade, relação familiar, relação com “ser jovem” e “ser grande”, “responsabilidade”, “status social”, aborto), homossexualismo, reflexão sobre o uso de drogas como uma situação de vulnerabilidade para o uso da camisinha.
7. Avaliação dos encontros.

Em todos encontros será utilizado um discurso auto-reflexivo e não prescritivo para a efetivação de um espaço de comunicação para um debate positivo sobre a sexualidade.

Após cada encontro será feito um relato resumido, anotando as principais reflexões feitas no grupo e observações da equipe, que serão utilizados para o replanejamento das atividades, além de servir como subsídio para a avaliação final e relatório das atividades.

Serão realizados também encontros com pais e professores para sensibiliza-los em relação a esse tema, conforme o combinado e a rotina de cada comunidade escolar.

Realizaremos encontros periódicos com a rede de saúde, a fim de conhecer as suas propostas para a faixa etária dos adolescentes, caso não haja, estimular a criação de ações específicas para os adolescentes como, por exemplo, acolhimento, agendas de atendimento individual, grupos, distribuição de contraceptivos, etc.

4. REFERÊNCIAS

BRASIL Ministério da Saúde Programa Nacional de DST e Aids Disponível em http://www.aids.gov.br. Acesso em 24 fev. 2005.
PORTO ALEGRE Protocolo de Assistência ao Pré Natal de Baixo Risco. Secretaria Municipal de Saúde, ASSEPLA. Porto Alegre: outubro/ 2002.
BUENO, Gláucia da Mota. Variáveis de Risco para a Gravidez na Adolescência. São Paulo/2000.



“TRABALHANDO SEXUALIDADE NA ESCOLA: UMA ESTRATÉGIA DE SAÚDE”
ou

“ADOLESCÊNCIA E SEXUALIDADE, INTERFACES SAÚDE EDUCAÇÃO”

Local: Escola Municipal de Ensino Fundamental Morro da Cruz

Período: Ano de 2006

Equipe de realização: Cattanea, Karina, Liese, Marcelo, Raquel Frosi, Vinicius, Adriana.

Introdução

Este projeto tem por objetivo dar seguimento e aperfeiçoamento a uma proposta de interface entre a saúde e a educação na abordagem do tema da sexualidade na adolescência. Tal interface vem sendo realizada na Escola Morro da Cruz há dois anos e que já sofreu avanços significativos em seu desenho e em seus resultados.

Justificativa

Esta ação se assenta na necessidade de criarem-se novos espaços de diálogo sobre as experiências da adolescência, principalmente daquelas que devido a uma série de dificuldades não são colocadas em espaços institucionais e nas relações com os adultos, como o tema da sexualidade.
Os altos indicies de contaminação de jovens por DSTs e os crescentes índices de gravidez na adolescência também indicam a importância de espaços de abordagem da sexualidade. Em virtude da complexidade de tais fenômenos são importantes abordagens que dêem conta de pontos que vão além da informação sobre o tema, enfatizando a reflexão sobre o mesmo.

Pressupostos teóricos do projeto

A proposta deste trabalho é de fazer um trabalho de reflexão sobre o tema da sexualidade. Tal reflexão inclui a informação, mas não se centra nela. Entendemos que intervenções voltadas para a informação correm os risco de não serem efetivas em função da sua descontextualização. A partir disso, entendemos que abordar o tema da sexualidade na adolescência exige um leque de entendimentos e debates mais amplos, que envolvam as questões culturais, sociais e afetivas.
Entre os temas de maior importância está o gênero e as relações de gênero. O gênero é a forma cultural e relacional das formas de ser homem e de ser mulher e influencia os comportamentos de homens e mulheres na sua sexualidade. É a partir de uma visão crítica das relações de gênero que podemos perceber as formas hegemônicas de viver o feminino e o masculino em nossa sociedade e entender que existem distintas formas de ser homem e de ser mulher. Incluem-se aqui o debate de comportamentos esperados para homens e mulheres, que geram relações esteriotipadas e sofrimento para homens e mulheres, Além disso aborda-se a diversidades no que tange a orientação sexual. A proposta é favorecer o diálogo entre meninos e meninas e favorecer a aceitação das diferentes opções dos jovens.
O entendimento de adolescência também é fundamental para abordar a sexualidade na adolescência. Tal conceito vai além da puberdade, que enfatiza as transformações biológicas, para salientar a importância dos aspectos individuais e culturais desta transição. No entanto, mesmo sendo a adolescência um momento de mudanças, de novas identificações, deve-se tomar cuidado de não toma-la sob a ótica do problema, e de não colocar as vivências de crise adolescente como uma obrigatoriedade. Esta transição também é vivida de formas diferentes pelos jovens. A vivência a adolescência e de seus diversos conflitos também influencia a sexualidade dos jovens. Aqui surgem dificuldades de lidar com a transição e falta de reconhecimento e de “lugar” nesta idade. É neste sentido que algumas jovens buscam crescer criando suas próprias famílias.
Pensando-se em sexualidade e adolescência temos então um encontro tomado como perigoso. Não para nós, a questão da sexualidade na adolescência não é vista como um problema e nem tratada na ótica da abstinência. Entendemos que os jovens podem viver sua sexualidade, sendo importante destacar que a sexualidade não é sinônimo de inicio das relações sexuais. Entendemos que o inicio das relações sexuais é dado por características também individuais e que estas, quando se iniciarem, devem ser acompanhadas de maturidade emocional, vontade própria e cuidados. Desta forma o trabalho aborda a sexualidade na ótica saúde física e mental, enfatizando a dimensão do prazer e do autocuidado e não a moralidade. Da mesma forma em que atentamos a visão moralista da sexualidade percebemos também que se deve manejar a ditadura da sexualidade precoce, vivida como prova para muitos jovens. Sendo também necessário o cuidado com a visão da sexualidade como mero produto de consumo.
Seguindo nossos entendimentos percebemos a gravidez na adolescência como tema a ser abordado. Entendemos que o fenômeno da gravidez na adolescência não é reflexo apenas de falta de informação e enfatizamos o fenômeno sob o ponto de vista cultural, social e afetivo. Embora entendamos que a gravidez na adolescência pode ter efeitos importantes na vida dos jovens e que não deve ser banalizada, nosso objetivo não é que os jovens necessariamente deixem de engravidar, e sim que não engravidem de forma descuidada e sem as responsabilidades pertinentes a isso. Além disso, que quando engravidem, possam ter a devida atenção.
O trabalho assenta-se também na parceria institucional e na valorização do trabalho em rede como forma de qualificar o trabalho e tornar a integralidade possível. Objetiva-se uma parceria sólida entre saúde e educação. Entende-se que uma maior articulação entre escola e unidade de saúde faz com que o projeto tenha dimensões maiores de que uma intervenção pontual e que estando inserido na realidade escolar produza maiores resultados e possibilidade de continuidade. Neste sentido entende-se que a participação dos docentes, e não só da equipe diretiva, é primordial para o andamento do trabalho, pensando-se que ao longo do projeto a participação destes pode tomar diferentes formas, favorecendo a continuidade do trabalho. A proposta também visa a maior qualificação da rede de saúde para o atendimento deste grupo especifico, propiciando uma maior articulação entre as ações de prevenção e de assistência.
Quando aos jovens, entende-se que estes podem ser também agentes transformadores da saúde, multiplicando as informações nos espaços em que estão inseridos e promovendo a qualificação do atendimento ao jovem através do debate com os profissionais da rede. Entendemos que é importante sua avaliação e opinião sobre o projeto e também que ao longo do projeto podem se tornar participantes de formas distintas, havendo aprimoramento das propostas de sua participação.

Objetivos

Oportunizar aos adolescentes um espaço para reflexão e discussão do tema sexualidade a partir de uma proposta interdisciplinar de promoção de saúde, buscando a autonomia desses adolescentes em relação à sua sexualidade e contribuindo para a redução da transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e de gestações não desejadas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS•

Utilizar o ambiente escolar (espaço formal) para a constituição de um espaço informal de educação, esclarecimento de dúvidas e troca entre os adolescentes;
• Questionar idéias fixas sobre o masculino/feminino, as transformações fisiológicas da adolescência, o sexo e outros;
• Trabalhar com os adultos (equipe docente e diretiva da instituição, pais dos alunos) a questão do “problema da sexualidade adolescente”;
• Estabelecer um contato efetivo entre a escola e a Unidade de Saúde;
Propiciar aos adolescentes um vínculo consistente e autônomo com a rede de saúde

OBJETIVO GERAL

Oportunizar aos adolescentes um espaço para reflexão e informação do tema sexualidade a partir de uma proposta interdisciplinar de promoção de saúde, buscando a autonomia desses adolescentes em relação à sua sexualidade e contribuindo para a redução da transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e de gestações não desejadas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS•

Utilizar o ambiente escolar (espaço formal) para a constituição de um espaço informal de educação, esclarecimento de dúvidas e troca entre os adolescentes;
• Favorecer que os jovens respeitem a diversidade de valores, crenças e comportamentos existentes e relativos à sexualidade, desde que seja garantida a dignidade do ser humano;
• Propiciar que os jovens reconheçam como determinações culturais as características socialmente atribuídas ao masculino e ao feminino, posicionando-se contra discriminações e eles associadas;
• Incentivar que os jovens conheçam seu corpo, valorizando e cuidando de sua saúde como condição necessária para usufruir do prazer sexual (entendido como uma dimensão saudável da sexualidade);
• Trabalhar com os adultos (equipe docente e diretiva da instituição, pais dos alunos) a questão da sexualidade adolescente;
• Estabelecer um contato efetivo entre a escola e a Unidade de Saúde e da Universidade;
• Favorecer o vínculo dos adolescentes com a rede de saúde.

Estes objetivos estão de acordo com os apontados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação e Cultura para a sexualidade como tema transversal para os espaços educativos.

Metodologia

A fim de alcançar os objetivos propostos o projeto será seguirá em desenvolvimento na escola Morro da Cruz no ano de 2006. Para o seguimento do trabalho com os adolescentes a proposta é de que sejam mantidos os encontros em horário de aula, no entanto, indica-se a ampliação de 4 para 6 encontros. Espera-se assim poder abordar os temas maneira mais efetiva. O ano ciclo a qual as atividades serão destinadas é o de C20, havendo a possibilidade a atendimento também ao ano ciclo C10.
Os encontros irão ter o formato de oficina, utilizando-se metodologias de participação ampla dos jovens e debate lúdico. O planejamento de atividades está descrito no anexo 1. Os temas são gênero, corpo, métodos contraceptivos, DST/HIV, família e gravidez. As atividades e pontos mais enfatizados dependerão do conhecimentos da turma e de suas dúvidas. A padronização dos encontros é dada apenas sua temática e a manutenção de seus objetivos. Em principio o trabalho será realizado com a turma toda, mas caso haja necessidade, pode-se lançar mão de divisões por gênero. Caso seja necessário será solicitada a ampliação do número de encontros para 7, a fim de que os objetivos sejam cumpridos de forma satisfatória. Nas oficinas será feito com os jovens um contrato com jovens de sigilo e de não exposição pessoal. Estes devem ter liberdade de participar ou não dos encontros.
Desde o inicio do projeto vem sendo exploradas das parcerias com os professores, neste ano tem-se como objetivo sistematiza-la. Para isso propomos no mínimo 4 reuniões de trabalho com este grupo. Estas têm como objetivo abordar o trabalho e também desenvolver reflexões com o grupo sobre os temas abordados pela equipe com os adolescentes. Poderão ser agendadas também reuniões com os pais, conforme a necessidade destes, da escola e do andamento do projeto.
A avaliação sistemática de encontros e registros destes possibilita o replanejamento e seguimento dos objetivos do projeto, bem como a avaliação do mesmo. Tal estratégia será utilizada pela equipe que entregará ao final do ano o relatório das ações.


ANEXO 1


1o Encontro
Tema: Gênero
Objetivo: Abordar as questões de gênero, relativizando as formas de ser masculino e feminino. Pensar os efeitos das relações estereotipadas de gênero no cotidiano dos jovens e na vivência da sexualidade.
Sugestões de Atividades: Jogo de batata-quente com debate de frases estereotipadas sobre gênero; confecção de cartazes com listagem das vantagens de ser do sexo oposto.

2o Encontro

Tema: Corpo
Objetivo: Trabalhar questões relacionadas ao corpo, tais como: mudança corporal decorrente do crescimento, diferenças corporais entre meninos e meninas, detalhamento do corpo masculino e feminino pensando nas questões físicas e culturais envolvidas, auto-conhecimento, auto-cuidado, tabus sobre masturbação, mitos sobre as mudanças corporais a partir das relações sexuais.
Sugestões de Atividades: Confecção de cartazes sobre as mudanças do corpo masculino e feminino; utilização de cartazes prontos ou modelos; dinâmica do concordo e não concordo com frases sobre o assunto; apresentação de perguntas para debates em pequenos grupos; trabalho sobre perguntas feitas pelos jovens.

3o Encontro
Tema: Métodos Contraceptivos
Objetivo: Retomar as questões referentes ao corpo e introduzir discussões acerca dos métodos de prevenção.
Sugestões de Atividades: Dinâmica do concordo e não concordo com frases sobre o assunto; apresentação de modelos corporais e de métodos; apresentação de vídeos informativos ou de cartazes informativos.

4o Encontro
Tema: DST´s; HIV/AIDS
Objetivo: Retomar a questão do corpo e dos métodos anticoncepcionais e introduzir a discussão das DST´s, HIV/AIDS, abordar as representações das doenças, abordar a questão da observação do corpo, auto-cuidado e busca da rede de saúde.
Sugestões de Atividades: Dinâmica da festa; dinâmica sobre a busca da rede de saúde.

5o Encontro
Tema: Família
Objetivo: Abordar as diversas formas de estrutura familiar. Propor aos jovens que pensem na família que têm e na família que querem ter.
Sugestões de Atividades: Desenho dos jovens da família que tem e da família que querem ter; montagem de cenas sobre sua famílias deles e das famílias que desejam ter.

6o Encontro

Tema: Gravidez
Objetivo: Abordar o tema da gravidez na adolescência, propondo aos jovens uma análise critica do fenômeno da gravidez na adolescência.
Sugestões de Atividades: Confecção de cartazes das vantagens e desvantagens de ser pais na adolescência; confecção de cartazes das necessidades de um bebê; confecção de quadro das vantagens de ser pai e mãe na adolescência.


OBS: Em todos os encontros haverá debates na turma.


Bibliografia:Cartilha “Fala Educadora & Fala Educador”
Autores: Peres, C.A.; Blessa, C.R.B; Gonçalves E.M.V; Silva, R.C; Paiva, V.
Publicação e Distribuição: Organon